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Completando 70 anos em 2023, os Acadêmicos do Salgueiro, mais uma vez, fazem jus às palavras de Nelson Andrade e mostram que, muito mais do que uma escola de samba, são uma instituição cultural cujos maiores artistas são sua comunidade. Pioneira em levar enredos pretos para o desfile da Marquês de Sapucaí a vermelha e branca dá mais um passo importante mostrando, no Theatro Municipal, todo o potencial artístico de seu elenco no espetáculo “Mercedes Baptista – 100 anos”, que homenageia a primeira bailarina preta a integrar o corpo de baile de um dos teatros mais importantes do país. A apresentação, coreografada por Marcella Gil, Patrick Carvalho e Carlinhos Salgueiro, faz parte do projeto contemplado pelo edital Municipal em Cena, da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro.

No palco, a realização do sonho dos bailarinos do povo. Nascidos e criados em comunidades, Patrick Carvalho, coreógrafo da comissão de frente da escola, e Carlinhos Salgueiro, diretor de uma das alas mais premiadas do carnaval, a de passistas, de onde saíram nomes como Rebecca, Dandan Firmo e Mayara Lima. Acostumados a premiações no segmento, os dois artistas recebem talvez, o maior troféu da carreira, mostrar sua arte no seleto palco, território do ballet clássico, escola de onde Marcella Gil bebeu na fonte para hoje ser, reconhecidamente, uma das principais ensaiadoras de casais de mestre-sala e porta-bandeira.

O espetáculo conta a história de Mercedes Ignácia da Silva Krieger, bailarina e coreógrafa, considerada a maior precursora do balé e da dança afro no Brasil. Nascida em Campos dos Goytacazes em 1921, passou a integrar o corpo de baile do Theatro aos 27 anos. Após uma temporada nos Estados Unidos, montou sua própria companhia de dança reunindo os elementos da cultura ancestral em suas apresentações. Durante a década de 1960, Baptista compôs uma pioneira e vitoriosa parceria com os carnavalescos Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues, da Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, quando foi convidada a criar uma ala de passo marcado para a Escola. Na estreia da parceria, a crítica foi extremamente positiva e a Escola sagrou-se campeã com o revolucionário enredo Zumbi dos Palmares. Também merece destaque o ano de 1963 como premiado enredo “Xica da Silva”. O grupo de bailarinos liderados por Baptista dançou o minueto, compondo uma linda coreografia com a Igreja da Candelária ao fundo. A parceria gerou polêmica, mas revolucionou o modo como às alas se apresentavam no carnaval carioca.

A personagem principal será interpretada por integrantes da escola em quatro momentos, desde a infância até sua chegada ao Salgueiro. Sabrina Ginga, influencer, passista e Embaixadora da escola representará Xica da Silva, que marca o início da trajetória de Mercedes na Academia do Samba.

Toda a produção e concepção do espetáculo, assim como o elenco que se apresentará, é de profissionais da escola de samba, exaltando uma trajetória vitoriosa que conta com 09 títulos no principal grupo do carnaval carioca. A produção é assinada por Luciane Malaquias e Victor Brito, e o texto fica por conta de Marcelo Pires, um dos diretores do Departamento Cultural da vermelha e branca. O figurino foi extraído do acervo da Academia do Samba.

 

Exposição Sal70 anos abre o evento

Antes da apresentação, que acontecerá no salão Assyrio, a escola apresentará a exposição Sal70 anos, que reúne peças do acervo da agremiação, fantasias e fotografias cuja curadoria é de Eduardo Pinto, Diretor Cultural e de Destaques, e de Belizário Távora A entrada é franca e sujeita a lotação a partir das 17h. O espetáculo terá início às 18h.

 


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