Anos 50
OS PRIMEIROS DESFILES E O PRIMEIRO TÍTULO
Logo após a fundação da nova escola, os trabalhos para o primeiro desfile dos Acadêmicos do Salgueiro começaram. O enredo escolhido foi Uma Romaria à Bahia, de autoria do carnavalesco Hildebrando Moura. O Salgueiro fez um grande desfile e mostrou que aqueles que apostaram na união das escolas do morro estavam certos: no ano de estréia, o Salgueiro conseguiu furar o cerco das outras escolas mais tradicionais, conseguindo um honroso 3º lugar, à frente da poderosa Portela e atrás somente do Império Serrano e da Mangueira. Foi o primeiro passo em direção a uma trajetória de grandes desfiles. Durante os anos 50, os bons resultados da caçula do carnaval carioca conquistaram o público e a escola foi se firmando como uma das grandes dos desfiles das escolas de samba. Figuras importantes do Salgueiro iam surgindo e se destacando no cenário carnavalesco, como os compositores Noel Rosa de Oliveira, Anescarzinho, Geraldo Babão, Djalma Sabiá; as baianas Tia Neném e Tia Maria Romana; Paula, Paulino de Oliveira, Casemiro Calça Larga, Neca da Baiana e Nélson de Andrade, criador do lema: “Nem melhor nem pior, apenas uma escola diferente!”.
Inovando sempre, o Salgueiro mudou o carnaval carioca apresentando enredos que fugiam aos temas patrióticos impostos pelo Estado Novo. Navio Negreiro, sobre a viagem de escravos para o Brasil, de 1957, e Viagem Histórica Pitoresca ao Brasil, sobre a missão do pintor francês Debret no Brasil, de 1959, são dois exemplos da ousadia salgueirense. O ano de 1959 ficou marcado pela entrada de artistas plásticos na confecção do enredo das escolas de samba, quando o pernambucano Dirceu Nery e a suíça Marie Louise criaram um belo desfile que surpreendeu a todos, em especial a um dos jurados: Fernando Pamplona, aluno da Escola de Belas-Artes.
Convidado a produzir o carnaval de 1960, ao lado do casal Nery e do figurinista Arlindo Rodrigues, Pamplona propôs o enredo Quilombo dos Palmares, em homenagem a Zumbi, seguindo uma temática de exaltação ao negro. Um belo samba, a precisão da bateria e as imagens da África e dos Quilombos expostas na avenida encantaram a todos. Apontado como favorito, o Salgueiro foi proclamado campeão, mas dividiu o título com outras quatro escolas.
O primeiro título foi muito comemorado por toda a comunidade salgueirense e não restavam mais dúvidas de que uma nova estética havia sido criada no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro.
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