Anos 90

O REENCONTRO COM OS GRANDES DESFILES

Legenda

O casal de mestre-sala e porta-bandeira Dóris e Élcio PV defenderam o pavilhão salgueirense em 1990, no enredo “Sou Amigo do Rei”.

Os bons desfiles do Salgueiro voltaram a se tornar rotina e os resultados obtidos nos três anos anteriores animaram os salgueirenses. Para 1991, a escola veio com um enredo que parecia imbatível – Me masso se não passo pela Rua do Ouvidor – e com um samba que já era cantado por toda a cidade. A escola fez um ótimo desfile e por pouco não conseguiu a vitória. Mas o segundo lugar mostrava que o Salgueiro estava de volta à disputa dos títulos.

No ano seguinte, O negro que virou ouro nas terras do Salgueiro, também deu à escola uma boa colocação – o quarto lugar – gerando em todos a expectativa de que a escola voltaria a sentir o gosto do campeonato.

E toda a esta expectativa foi confirmada em 1993, com Peguei um Ita no Norte, sobre a viagem do navio Ita de Belém até o Rio de Janeiro. O Salgueiro entrou na avenida “possuído” e antes mesmo de os cronômetros da avenida serem disparados, a empolgação dos componentes já se espalhava pela arquibancada. A escola foi aplaudida de pé durante toda sua apresentação, fez com que todo o público cantasse seu samba e, ao sair da avenida, foi aclamada como campeã do carnaval. Em 1993, o Salgueiro fez um desfile que se vê poucas vezes, daqueles que podem ser contados nos dedos. Um desfile mágico em que o resultado não poderia ser outro a não ser a conquista do título. Foi um reencontro sofrido com a vitória que a escola não via há 17 anos. Mais uma vez, o Salgueiro pintou o Rio de vermelho e branco e cantou, a plenos pulmões o samba campeão do carnaval carioca. “Explode, coração, na maior felicidade / É lindo meu Salgueiro, contagiando e sacudindo essa cidade …”.

Outro título esteve perto, com o enredo Rio de lá pra cá, que obteve o segundo lugar em 1994. Os belos desfiles da escola estavam de volta, como nos enredos O Caso do por acaso, de 1995, uma outra visão sobre o descobrimento do Brasil por espanhóis, e Anarquistas sim, mas nem todos, de 1996, sobre imigrantes italianos. Neste desfile, a entrada do Salgueiro na Marquês de Sapucaí aconteceu de forma espetacular. A Academia foi saudada por um público que parecia esperar a campeã do carnaval. Era um mar de bandeirinhas que cobriam as arquibancadas do Setor 1 à Apoteose, numa recepção digna de arrepiar qualquer sambista.

Nos anos seguintes, porém, a escola cometeu um grande erro ao tentar repetir o sucesso do samba do carnaval de 1993. Durante alguns anos, a ala de compositores da escola buscou a fórmula daquele ano, imaginando que um refrão contagiante bastaria para levar a escola a mais um título. A crença de que a repetição daquele momento mágico fosse possível fez com que o Salgueiro desfilasse com alguns sambas que não remetiam aos grandes compositores de sua história. E isto se refletiu na avenida, quando o belo visual apresentado não tinha uma trilha sonora à altura, como no desfile de 1999 – Salgueiro é sol e sal nos 400 anos de Natal.

Apesar de ter desfilado com sambas medianos nestes últimos anos, dois desfiles fizeram sucesso no final da década: Parintins, a Ilha do Boi Bumbá, de 1998, e Sou rei, sou Salgueiro, meu reinado é brasileiro, de 2000, quando o Salgueiro ganhou o Estandarte de Ouro como a melhor escola do Rio de Janeiro.

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