Uma Escola de Samba é um depositório de tradições populares. Mesmo sendo uma manifestação viva que sempre abraça as novidades, algumas coisas são tão importantes, que precisam permanecer para perpetuar nossa história. Assim como a ala das baianas, o casal de mestre-sala e porta-bandeira e a velha guarda, a bandeira da Escola e seu símbolo devem se manter intocados. O compromisso em preservar e valorizar sua origem e sua história é parte importante e uma das marcas registradas na gestão de André Vaz. Após dar o título de presidente de honra da escola para Djalma Sabiá, único fundador vivo dos Acadêmicos do Salgueiro, o presidente convocou o Departamento Cultural para uma missão especial: buscar as origens do símbolo do pavilhão salgueirense e reconfigurá-lo .
“O pavilhão é o símbolo mais importante da escola. Nele, reconhecemos suas origens e, ao longo dos anos isto foi se modificando. Estamos chegando perto dos nossos 70 anos e pedi que o Departamento Cultural fizesse uma pesquisa intensa para tentar reproduzir, o mais fielmente possível, o símbolo original. O Departamento Cultural mergulhou fundo neste trabalho e chegou a este resultado, que ainda não é o original, mas já se aproxima bastante. No Carnaval, nosso primeiro casal já desfilou com o novo símbolo no pavilhão mas, como queríamos fazer uma evento próprio para oficializar e não foi possível, decidimos apresentá-lo durante a live”, diz o presidente.
Responsável por “renovar” o símbolo, Victor Britto, designer da escola e carnavalesco dos Aprendizes do Salgueiro, confessa que sentiu o peso da responsabilidade.
“ É uma responsabilidade imensa e, ao mesmo tempo, um honra poder contribuir para este momento que, para mim, é ímpar. Não sei sequer expressar o que senti no momento que recebi a notícia de que eu iria participar deste processo na escola do meu coração. Uma coisa é você criar campanhas, outra coisa é você ver o seu trabalho eternizado no pavilhão”, comenta o profissional.
Mesmo que sejam pequenas mudanças, elas são fundamentais. Seguindo as origens, o símbolo do Salgueiro sofreu as seguintes alterações:
Pandeiro : em sua forma original, o instrumento é redondo com platinelas.
Surdo de barrica: o instrumento de maior importância em uma escola de samba, desenhado em sua forma tradicional, típico da época da fundação, onde era feito com barris de madeira e cobertos por membranas de origem animal.
Ganzá: chocalho de origem africana que volta à posição original, ultrapassando o círculo interior dos instrumentos , assim como suas fitas
Tamborim: quadrado, típico da década de 50 em que a forma era retangular, acompanhado de sua baqueta própria.
Os instrumentos são circundados por uma linha branca, uma faixa vermelha com o nome da escola em letras maiúsculas, em formatação quadrada na cor branca. O nome é escrito em sentido horário, com início na parte central inferior da faixa. a partir de um pequeno circulo branco, também na parte inferior da faixa.
Devemos ressaltar que o Salgueiro tem como símbolo instrumentos de origem africana não à toa. O morro do Salgueiro sempre foi conhecido na cidade como um berço de ritmo e grandes instrumentistas, sendo nossa bateria, hoje conhecida como “Furiosa”, uma das mais premiadas em toda história do Carnaval Carioca.
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